O balanço desse mar.

O horizonte desse mar é uma linha retilínea;
É a média do movimento das ondas.
Das que sobem, sua ponta é tão alta quanto os vales são profundos ao redor.
Das que afundam, o mergulho precipita, e da queda se alimenta a subida da vizinha.

Sempre unidas, as gotinhas iniciam seu balanço pequenino. Afinando a parceria, embaladas pelo vento ou pelo humor do firmamento, vão, aos poucos, transformando a brincadeira num percurso radical.

Nos seus picos, a mais alta das gotinhas é apenas um pouquinho mais subida que as vizinhas. E seu posto "ao-mirante" se sustenta sobre a massa interior da superfície da onda. Na descida dessa trama, as gotinhas mais baixinhas, abraçadas e unidas às vizinhas, se preparam e planejam tomar posse da subida.

Lá de cima, assistindo ao espetáculo, sol e lua, com seus filhos, as estrelas, acreditam que estão vendo o caimento do vestido de uma deusa, numa dança conduzida pelo canto de centenas de sereias.

Vendo o lance no detalhe, há gotinhas que se soltam pelo ar. São artistas, vagabundos, meretrizes, marginais, todos eles segregados do tecido. Não alteram o caimento do vestido dessa deusa dançarina. Não desfrutam do abraço inesgotável do balanço das gotinhas e se perdem pelo vento, no espaço, perseguindo a divindade.

Esse vôo segregado, no entanto, proporciona às gotinhas abraçadas, um teor de sentimento, um perfume fractal, uma brisa espumante envolvendo a superfície do tecido. Essa brisa, no momento em que enriquece a textura do vestido que balança no rebolado da deusa, proporciona calmaria aqui no mar e motiva os corações dessas gotinhas a sonhar.

2 comentários:

alice disse...

que delicia que são essas gostinhas
:D

Enfim... disse...

Lecker ist dein Traubensprüdel!!!
Fractal? Tá te puxando, hein negão!
Parabéns.
Beijoca