"Borboleta Bem de Perto" - digital - 2008

Como um rádio procurando a estação,
só encontro sintonias duvidosas.

Axé, passo adiante;
Sermão, toco em frente.
Já fora do dial, chiando,
retorno ao lado oposto.

A cada trajeto completo, ouço falas afinadas pelo tom da opinião.

Definitivamente, não há onde parar.
Aqui, não dá para ficar.

As paradas permanecem pelo tempo necessário ao desembarque;
5 minutos esperando um novo embarque.

Entre pontos radicais, pode o que,
aos poucos, se consegue.
Conquistadas, as paradas são restritas por vontades diversas.
São oásis numa grande tempestade de areia.

Coordenadas ordenadas sem destino,
nos fascinam,
muito além da estalagem.

O tempo de um café ou um chorinho apaixonado é um chamado
a finalmente descansar.
Garantido, até acabar.

Preparar para partir. Procurando nas areias o ruído até cansar.
Qualquer hora, apesar do que possamos encontrar,
vamos ter que desligar.

Amanhã, se Deus quiser, começamos novamente.
Eu, agora, vou tomar outro café.

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