Há uma água minando por trás da parede do tempo
Talvez haja mais onde não vejo nada
Porque não sei ver
Pode ser que meus olhos tenham lido muitas historias
Ou pode ser que os tônicos mais poderosos
sejam invisíveis
A noite me deita todas as noites
afinal
Onde eu sonho não há piso
nem paredes
Não há onde colar um cartaz
Nunca vi nada escrito
Mas é certo
No passado eu não ganhava o presente
Acumulei poeira nos cantos e parei de cantar
Mas a responsabilidade do não dito cabe a quem não disse
Não podes imaginar o quanto tambem tenho
o que não dizer
Eu curtia conchas quando menino mas hoje
só as castelhanas
"entre aspas"
...
Então aquilo que parecia ser o barulho da cidade
Eram as palavras não ditas
caindo em pedaços no chão
Não, não
as palavras são de espuma
E todo o necessario para fazer algo em vida
é estar vivo
...
Conspiravam a minha felicidade em segredo de mim
Mas aquilo era tempo de bossa
Agora
Jazz
A tarde já era
enquanto era cedo
O sol já se pôs
Houve até tons de rosa
depois
silhuetas
Quando os poetas
de sono
não mais velarem a noite
Te meto uma bala no peito
te abro no meio
e te livro de vez
do que ainda não fiz