Que tudo que eu queria ser morra contigo
e de agora em diante eu me perca em alegrias
que viva cantando meu sucesso
devaneando sobre a minha riqueza descomunal
em colos perfumados, esperançosos
seguramente anonimos
e rapidamente substituidos
Que todas as mulheres me amem
e meu amor inerte
nada tenha a declarar
morto permaneça
por tudo que pensa
Que eu respeite a carne do outro
mas a coma mesmo assim
apesar dos seus lamentos
Que seus lamentos não me interessem
Que o alimento seja farto
Que a ternura seja musica
e nunca mais tenha um corpo
Que o carinho se receba pelo toque
e se devolva pela arte
Que não haja mais justiça
Nem clemencia
Nem perdão
Nem princesas
Nem dragões
Que as donzelas presas em torres altas
morram por inanição
e as outras em perigo
se fodam
Nenhuma garantia
que os olhares sensuais soem como piadas
que os sussuros apontem mentiras
Que as mulheres equilibradas em saltos sejam ridículas
E as calcinhas
só sejam permitidas enfiadas
Feliz 2010.
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