Olha mocinha:
lindas quadrinhas
não me convencem da
sua intenção.

São bem bonitinhos
os seus versinhos
e torço de fato
pelo seu sucesso.

Posso ajudar?
É só pedir.
Mas é importante vencer
com dignidade.

Sem estratagemas,
com simplicidade,
você merece.

Deixe de lado
sua vaidade.
Basta escrever!

Os próprios versinhos
são o seu prêmio
afinal;
e têm qualidade.

Sabe,
a nova verdade
não se comenta

porque a equipe
está ocupada
comemorando
o que já passou.

Não meta seu rabo
no prato dos outros
sem ter certeza
se gostam de carne
e de osso.

Prepare a
sua comida
conforme seu gosto
sozinho.

E deixe gostarem ou não
dos seus versinhos.
sem arriscar o palpite.

Eu gosto, já disse.
E torço de fato
de novo

não pelo prêmio estampado
mas pelo presente
recém premiado
com o seu talento.
Onde estará o estado de ser?
Será que saudade demais
será duas vezes
Saudade?
Há um incêndio por perto.
Saudade de novo. Vontade de um beijo.
Eu quero um abraço deitado.
E o dia cheirando de novo
Comprar um quiabo na feira.
De sábado
Tirar uma sesta depois do almoço contigo
E mandar pro espaço infinito
Esse buraco negro.
Tudo que temos é muito
E aquilo ali é um zero
Tudo não é nada
E nada divide por zero.
Não é necessário pensar para viver.
A vida é autônoma.
Respirar, comer, dormir e amar
são funções anônimas.

Pensar é um efeito colateral de ser;
não é uma dádiva,
tampouco uma obrigação.

Está muito mais para a dúvida
a busca da solução.

E a dúvida mais sabida
é uma erva daninha,
competindo por água, espaço e alimento
nos campos reservados ao cultivo da vida.

É a doença universal do nosso tempo,
mas não é de todo mal o pensamento
quando serve ao suprimento
das funções de se viver.

O rei
não tem o que saber
pois governa com o poder.

A sabedoria
se curva em obediência
conservando a própria vida
do fatal poder de ser.
O tempo atropelou o meu sentimento.
E fez do perdido no vento apenas poeira daquele momento.
Mostrou de relance uma cara fechada, terrificante,
Mas não garantiu a sustentação da sua sentença.

Cegas pedreiras erguidas à beira da praia, são como
espelhos de fogo estalando convites ao pensamento
daquele incapaz de enxergar nessa mesma pedreira,
as lascas imersas aquém da visão.

Morro de braço quebrado, pelo encravado e dedo torcido.
Morro de amor se for amor perdido.
Mas dor que é de morte, quando não quebra a matéria,
Faz a matéria mais forte e cresce na vida o que resta.

Da casa assolada o telhado é o primeiro a cair.
Quebram-se vidros, perdem-se roupas, fotografias, e obras de arte.
Arrisca caírem paredes.

A devastação pode até ser total.
Mas há de passar a tormenta.
Há de seguir ao estrondo, o silêncio.

E hão de estar lá, finalmente,
bravas e resistentes,
por serem ausentes, debaixo do solo,
as fundações da morada.

E ela será
novamente uma casa
Brilhando de nova.

A diversão preferida do tempo
é fazer careta.
Não vale assustar, pois é brincadeira.
A seriedade, transcorre em silêncio.
A ausência é meu tempo presente.
Quantas frases haverá subentendidas entre as frases ditas.
Quantas notas escutadas não passaram pelo ouvido.
Há um mister sustentando a construção.
Há mais fé que oração.

Sensível universo.
Mergulhado numa dança de intenções.
Pessoalidades concebendo uma verdade
Retalhada em infinitos estilhaços.

Fantasias pessoais acompanham,
as entregues,
o ditado da tendência.
É melhor desentender-se com a vaidade que
perder a referência.

Não importa onde a vida se esconde.
Atormenta procurar
esconderijos.

Deixe o canto e procure
bem no meio a
melodia no silêncio.

Ela lembra o balanço da cintura de uma
moça apaixonada, dedicada a
perseguir o sentimento.

Observa.
O movimento
irradia energia
e sustenta o pensamento.

Há suspensas por aí,
muitas pedras
com esse tipo de cimento.
Sem bola e sem pito,
nesse calor,
cada pequena intenção de alegria,
bate na quina da trave e
pára na entrada;
não passa no vão.

O pano do assento
atiça o tecido das costas.
O quente compensa
por fora, o
marasmo de dentro.

Hoje o nariz entupiu, o
ar esquentou, a
bola murchou e o
céu derreteu.

Amanhã,
se valer a pena e
se assim Deus quiser,
será um milagre, sem
sombra de dúvida.

Sem nêga mamando no
pano do assento,
sem bola, sem pito e o
mesmo marasmo por dentro.
Sorte é nascer.
Viver é controlar o que se tem a perder.
Sobre ganhar, é a sorte que dá.

Sorte é uma fruta madura no caminho.
Vida é o que come a polpa e
transforma em adubo.

Sorte é a semente que nasce.
Quem planta, sabe que não são todas.
Mas são maioria, porque a natureza é uma sorte.

Vida polui; se
nutre da sorte do verde e
carimba a meleca no
rio.

O sol cauteriza a ferida com
Fogo,
E a cor do poente,
derrota o engodo da vida com a sorte.

A gente tem sorte de graça.
E gasta com a vida que passa.
Descontrolada.

Quem perde melhor,
vive com mais a perder.
E todos, graças a Deus,
vivem com sorte.
O negócio foi sacramentado na sala, fumando charuto.

Da sala, entramos pelo quarto de casal, em direção ao closet. Eu deveria escolher uma fantasia. Me lembrei daquele samba: "Mas eu pergunto, com que roupa, eu vou, na festa que você me convidou...."

Tinha terno branco de malandro sambista, malha de acrobata, pasta de engenheiro, toga de juiz, hábito de padre e casaco de estadista.

Procurei com mais cuidado e, bem no canto, encontrei, empoeirada, a capa de um super-herói voador.

- Essa pode?
- Todas podem.
- Mesmo preço?
- Todas têm igual valor.
- Curioso... Posso voar com ela?
- Essa aí, além de voar, proporciona a força de uma locomotiva e visão de raio-x. Você poderá enxergar através da matéria.
- Quero essa.
- Vista-se.

Saí voando pela janela do banheiro. O velho parecia orgulhoso; me chamou de corajoso. Na hora, não entendi. Estava eufórico com meus novos predicados.

35 anos depois, enquanto qualquer um encontra o almoço na esquina, preciso voar 10.000 km para conquistar o meu. Vivo preocupado com o que vejo atrás dos muros. Tomo um tiro de .45 no peito para acordar de manhã e só me sinto satisfeito se salvar algumas vidas pelo dia. E ainda por cima, sou imortal.

Sacanagem.
Lá, la, la,
la vem
mímica de
alguém.

Sol rebate a fala
falandou rezando.

Si seria eu
faço,
lá por
cimacabo.

Quarta simpatia,
sexta relativa,
notas de passagem, para
algum lugar

Toca natureza;
ouve como um
canto seus
motores.

Toca, como a
pele, pontos de
prazer e de
pressão.

Grita com ternura,
bem baixinho;

fere cada
uma, com
carinho,

dessas
sete
maravilhas
empilhadas.
Amor de
ganho é
perda de alto
risco.

Amor correto é
frio.

Amor
perdido é
suicídio.

Amor
perfeito é
venenoso.

Amor de
gente é
resultado.

Amor-semente é uma
sorte de princípio,
apesar de qual será o
resultado.

É com a sorte de um terreno adubado,
que raízes encontrando alimento não tratado,
geram vida espontânea.

O que nasce sem prever o seu lugar,
crescerá com a proteção de ser
distante do
saber.

Está fora do alcance de pensar;
está livre da sentença de morrer.
Abra os olhos se não pode suportar
fortes emoções.

A imagem da realidade tem
ação tranquilizante;
recupera a direção da consciência.

Consciente, tem
altura por largura e se
enquadra em equações.

Feche os olhos se deseja mergulhar;
não há nada a enxergar no
impossível.

Abra a porta, devagar.
Ouve o som intermitente dos motores.
Lá de cima parecia ansiedade.

Você pode explorar o seu lugar.
Mas não saia da casinha,
sem saber como voltar.
Perdi o meio do filme.
Houve fatos relevantes?

Ando com sono.

Durmo, em
momentos
importantes.

Esqueci, no meu antigo endereço, um chumaço de papel com minhas melhores piadas.

Esses dias correm sérios.
Compro tempo com dinheiro não vendido.
Perdido.

Ainda há tempo?

Ouve a chuva.
Ouve o vento.
Ouve o som da despedida.

Nunca houve tal silêncio.
Vejo a face do artista em cada rosto.
Apesar do pensamento caminhar, cambaleando,
e os desejos permitirem uma vida em devaneio,
não parece que meus membros desatinem da função.
Essa estúpida pressão fortalece a cobertura, evitando a explosão.

Esses traços são os mesmos, deslocados dos antigos.
Colocados no lugar do sentimento, apesar do seu trabalho,
desertados do trabalho, trabalhando por amor,
enegrecem certos pontos como nunca.
Antes pela diversão,
findam por realizar a tal função.

Haverá, no fim da linha, a danação?
Ou será que o demônio somos nós
e criamos, inocentes, essa imagem de horror,
solapando nossa própria segurança,
impedindo a procissão dos escolhidos
e fazendo, na partida, o viajante derrotado?
Saberá, um grande sábio o que pensar?

Quem mais sabe,
sabe mais do próprio umbigo.
Do meu ventre avantajado, resultado do trabalho enfezado das mentiras exigidas na algibeira por qualquer rato de esquina,
tenho certo,
que o destino da partida fica cego, quando a fé do viajante sofre falta.

Apesar das contusões, faço amigos entre os times visitantes das cidades onde passo.
O caminho acumula experiência.
Os fantasmas permanecem nas esquinas, mas são, compulsoriamente, enxergados como anjos.
Ainda há pouco, aceitaram vestir branco. Com o tempo,
pode ser que criem asas.
Essa moça é uma Maria.
As Marias que eu conheço, são encarnações de anjos.
Dá pra ver pela estrêla no seu ombro que não pára de brilhar.

Essa moça é um presente aos que convivem;
e o presente dos distantes é lembrar do seu sorriso com saudade.

Pelos campos do sudeste, ela é voz e porta voz dos animais.
É doçura até na hora de brigar.
Essa moça é tinhosa, mas das brigas que tivemos, só restou uma piada infantil.
Essa moça é uma menina cujos sonhos de casinha eram fazendas.
A fazenda são porteiras e currais, passarinhos e pomares, todos eles satisfeitos com a levada da patroa.
Mas que sorte tem o moço que convive com essa moça.

Essa moça, como é linda.
Essa moça é minha irmã, e é assim que eu queria.
Que saudade de um abraço da Maria!
Se sapatos fossem
essenciais,
nasceríamos calçados.

O que vem acompanhando o nascimento
é, de sobra, o necessário para a vida.

Não tem roupa, alimento ou moradia;
não carrega documento e não carece medicina
- isso é sina de quem ganha.

Vem sozinho, não enxerga e não entende coisa alguma.

Coitadinho?
Mas que fraca a natureza de lançar o seu rebento tão minguado!
Ainda bem que tenho plano de saúde e papai tem nome limpo, carro novo e um bom emprego.

Não te ilude, personagem!!

O neném traz a bagagem
entupida do que a vida
necessita.

Amor, saúde,
coragem, alegria,
desapego, euforia e amizade.

Coitadinhos somos nós que
pusemos a bagagem não sei onde e
cismamos em buscar no armazém,
toda sorte de bobagens;

iludidos,
colocando no carrinho
encomendas de alguém.
Mato rebelde da margem do rio,
cumpre seu trato, alheio ao comando.
Abriga uma sorte de animais.
Parece que fala um recado em silêncio:

- Mata fechada... Tem gente no escuro!
- Escuta que estão nos olhando!

À noite o cenário é da lua.
A trilha é um grito de todos,
ao mesmo tempo, abrindo caminho, por entre o
silêncio.

- Sentaram do lado da gente!
"...milhares de vidas de todo tamanho."

Mais forte sou eu, o animal.
O reino ostentado não é ornamento,
impõe qualidades e exige
atitude.

Por entre os amigos eu passo, calado,
e mato o demônio que vive no mato.
Vida não é
oposto de morte.
O lance da sorte
não é um jogo de azar.

A vida é uma pena, sem norte.
O tempo é da liberdade, sentença de morte.
A vida é menor e a morte é eterna.

Necessidade é motivo de sorte.
A vida é uma chance no meio da morte.
O tempo é da vontade, oportunidade.
A vida é uma planta que nasce da sorte no campo da morte.

De luz ou de trevas,
da vida ou da morte,
levante a bandeira.

Vivo é um ser,
movimentando
viver.

Acumulado pelo caminho, o peso da vida emperra a tocada.
Pelo contrário, investido,
toda e qualquer energia floresce, multiplicada.

Mate-se!
A vida guardada é um estorvo.
Necessita ser conservada, precisa ser embelezada e aparelhada.
Não dorme de noite, envelhece e vive fugindo do azar.

Não pense nos riscos; não côrra da sua tragédia.
Escolha uma causa e se mate por ela.
Não busque a sorte na vida, que

vida com sorte começa com a morte.
"Borboleta Bem de Perto" - digital - 2008

Como um rádio procurando a estação,
só encontro sintonias duvidosas.

Axé, passo adiante;
Sermão, toco em frente.
Já fora do dial, chiando,
retorno ao lado oposto.

A cada trajeto completo, ouço falas afinadas pelo tom da opinião.

Definitivamente, não há onde parar.
Aqui, não dá para ficar.

As paradas permanecem pelo tempo necessário ao desembarque;
5 minutos esperando um novo embarque.

Entre pontos radicais, pode o que,
aos poucos, se consegue.
Conquistadas, as paradas são restritas por vontades diversas.
São oásis numa grande tempestade de areia.

Coordenadas ordenadas sem destino,
nos fascinam,
muito além da estalagem.

O tempo de um café ou um chorinho apaixonado é um chamado
a finalmente descansar.
Garantido, até acabar.

Preparar para partir. Procurando nas areias o ruído até cansar.
Qualquer hora, apesar do que possamos encontrar,
vamos ter que desligar.

Amanhã, se Deus quiser, começamos novamente.
Eu, agora, vou tomar outro café.
Chega a sobrar.

O amor
que
você me
dá,

chega a
sobrar.

É com a
sobra que eu
escrevo
poesia.

É com o
saldo positivo de
afeto e
amizade

que eu
invisto num
futuro com
você.

É com o
lucro
garantido
pela luz do seu
olhar

que eu
costuro a
fantasia dos meus
sonhos.

É com a
sobra da
ternura dos
momentos de
prazer,

que eu
invento novas
trovas e
componho
melodias de
amor.
Na fossa, vai
destilado, num
gole.

À
noite, a
chuva, de
porre

chama o
coitado
de
vagabundo.

Formado,
carente,
sem
argumento,

ultimamente
molhado,
sobrevivente,

descansa do
lado do
vomiteiro.

O cheiro da
lama não
satisfaz.

Aposta que
nasce de
novo outro
dia.

Informa
seu endereço;

recolhe
seus documentos;

pega o
caminho de
casa.

Amanhecido,
invade o
apartamento.

Apaga no
chão do
corredor.

Quem dera as
verdades de
ontem fossem
mentiras.

E tudo
virasse
efeito do
porre.

Acorda sozinho;

o
dia
chovendo e o

som do
vizinho
tocando
pagode.